Há alturas assim...
Há alturas na vida em que não conseguimos corresponder àquilo a que as pessoas que nos são próximas ou mesmo mais distantes esperam de nós... nem mesmo àquilo a que esperamos de nós mesmos.
São alturas na vida.
E eu acho que atravesso um momento em que me sinto assim, incompatível com o mundo que me rodeia, com as pessoas que lidam comigo diariamente e com outras pessoas que só lidam comigo ocasionalmente. São fases...
Tenho que fazer uma confissão. É uma confissão algo inesperada, porque não me considero supresticiosa, mas devo dizer que os anos que terminam em números pares, normalmente, não me correm muito bem... Fiquei com esta mania faz este ano 10 anos. Desde 1998 que ano sim, ano não, penso o mesmo. É palermice, eu sei. Chega a ser ridículo pensar assim, mas o facto é que não consigo evitar.
Ando fora de mim, fora daquilo que eu considero ser eu mesma, fora daquilo com que me identifico como ser humano, como pessoa. Fora daquilo que eu considero ser eu de uma forma também espiritual, fora da minha alma.
É como se este corpo que trago não fosse o meu, como se o que digo e faço todos os dias também não fosse eu a dizer e a fazer. Como se eu estivesse sempre longe deste espaço, desta forma corporea. Como se não me encaixasse no aqui e agora.
Há uns dias tive uma proposta que iria alterar uma parte da minha vida, uma proposta que não pude aceitar. Não consegui deixar pendurada a parte da minha vida que iria ser alterada, passada para trás. Infelizmente. Mas a proposta deixou-me a fazer contas de cabeça para o meu futuro próximo que, quer eu queira, quer não, vai mudar. Mais cedo ou mais tarde.
Tenho uma amiga muito querida (a mamã galinha dos tais pintainhos :)) que já me disse 1000 vezes para não deixar passar a oportunidade única que me foi proposta... mas eu não consegui...
Não consigo. Não agora. Não já.
Sei que o que tiver de ser, será. Não adianta adiar ou correr...
E também sei que as boas oportunidades raramente se repetem. Mas neste momento, o tal momento da vida de que falava, não me sinto capaz de corresponder, de mudar. Não estou em mim e por isso não posso corresponder nem mudar.
Um dia destes estava a pensar o facto de lidar todos os dias com dores físicas de muitas pessoas diferentes, dá-me ou dá-nos alguma margem de manobra para gerirmos cá dentro de nós mesmos o que pode ser doloroso, o que pode doer, mesmo fisicamente, mesmo quando falamos de doenças, principalmente quando falamos de pessoas já com uma certa idade que todos os dias sentem inevitavelmente uma dor de costas, de braços, de pernas, etc...
Mas não dá. Descobri que essa margem desvanece rapidamente se essas pessoas que adoecem ou se tornam mais sensiveis forem aquelas que mais amamos. Descobri isso há 10 anos e este ano par voltou a lembrar-me disso desta forma tão clara e tão evidente.
O que faz com que as propostas únicas não sejam aceites e a alma e o corpo não se identifiquem, não se juntem, não se correspondam.
Ando separada de mim mesma.
São alturas na vida...
Comentários
Acho que tenho que te fazer uma visitinha e dar-te uns abraços bem apertados!!! Não gosto nada de te sentir assim "down"!!
Força e muita energia positiva, AMIGA lindaaaaaaaaaaaaaa!!!
Beijoquitas e muitos abanicos coloridos :)
Será por acasos da vida...? Ou será que essa distância está relacionada com uma superstição e uma onda devoradora de pensamentos negativos que estás a deixar que te derrube..? Heim? Eis a questão...
Não sei que mudança radical é essa de que falas... mas quem fala com essa nostalgia de uma mudança que poderia fazer a diferença tem de pensar muito bem antes de deixá-la fugir...
Sê imparcial e pensa: é uma boa oportunidade, uma grande oportunidade, uma viragem daquelas para as quais não há justificação de recusa por mais que tenhas de deixar sempre algo para trás? Então, minha amiga, esquece que este ano é par (até tivemos um mês de Fevereiro ímpar!!!) e vive!!! Sem superstições!!
Beijos "afilhados" :-D
Concordo com tudo o que dizem as tuas Amigas, não gostamos de te sentir em baixo e se a mudança de que falas é importante para ti porquê adiar?! Porquê deixar passar mais uma vez algo que me pareçe vai te fazer mais Feliz?! Fala-te a voz da experiência que por tantas vezes deixou passar ao lado algumas oportunidades de fazer o que mais gostava "O meu palco da revista" lembras-te???? Tive anos na APMCG, tava farta triste, até que aproveitei uma proposta de trabalhar numa das coisas que mais gosto (trabalhar com idosos) e tou muito mais Feliz. Força Amiga nada de pessimismo e aproveita tudo aquilo que a vida te dá... PORQUE TU MEREÇES Linda Sereia...
beijinhos de quem NUNCA te esqueçe
Sónia Sousa
Obrigada por...
Obrigada*
Nem de propósito, o meu último post parece escrito p'ra ti. E pronto, agora passa a ser oficialmente!!! ;)
Deixo-te aqui a expressão que me me impede de bloquear quando o medo se "instala".
"Para descobrir novos oceanos é preciso ter a coragem de perder a praia de vista". (André Gide)
Às vezes, nós também tomamos outras formas... não estamos fora de nós, nem deixámos de ser, ser o que fomos e o que somos... estamos só ali num lusco fusco, suspenso, de deixar a matéria agregar-se novamente com consistência. A nossa matéria, logo... sempre nós.
Recolhe-te no teu centro e go for it!!
Não nos conhecemos assim tão bem quanto gostaria mas... ainda assim, acho que tens carácter e alma que te sobra para o que vier e muito mais.
Um grande beijinho e um abraço apertado.
**m*