
Podias ser o cigarro ultra-longo
Que arde até queimar os dedos
Podias ser o ar do ditongo
Que aquece por dentro os segredos
Podias ser o baque que esmaga
O olhar obsceno que assanha
O toque de anca que alaga
A unha diamante que arranha
Serias o meu livro de areia
Que traz Maomé à montanha
A linha de vida que enleia
Como na estratégia da aranha
Serias o objecto perdido
Que me faz sentir sempre pobre
O fio de Ariane escondido
Cuja ponta o amor descobre
Podias ser a vela cansada
O dia que eu apenas pressinto
Podias ser a cera dourada
À espera no fim do labirinto
Fio de Ariane, de Carlos Tê e Helder Gonçalves
Música do album Rosa Carne, Clã
Uma música de que gosto muito. Por nada em especial, mas sou mesmo fã dos Clã!
A possibilidade de sermos qualquer coisa para outra pessoa encanta-me, nesta música.
Comentários
Mas enfim, uma música, um poema também nascem de uma só pessoa e ficam para sempre. Este poema é divinalmente belo e romântico, amei!
Beijinhos coloridos de muitos azuis****