Ser sem Viver
Fosse Eu apenas, não sei onde ou como,
Uma cousa existente sem viver,
Noite de Vida sem amanhecer
Entre as sirtes do meu dourado assomo...
Fada maliciosa ou incerto gnomo
Fadado houvesse de não pertencer
Meu intuito gloríola com Ter
A árvore do meu uso o único pomo...
Fosse eu uma metáfora somente
Escrita nalgum livro insubsistente
Dum poeta antigo, de alma em outras gamas,
Mas doente, e, num crepúsculo de espadas,
Morrendo entre bandeiras desfraldadas
Na última tarde de um império em chamas...
Fernando Pessoa
Ficções do Interlúdio
Ser sem Viver, Morrer sem amanhecer-se.
E assomar-se, antes e/ou depois de escrever-se.
Alma fadada*
Comentários
Adorei a foto!!!! Espectacular pôr do sol!
Minha querida amiga, deixo-te aqui um montão de beijoquinhas fofinhas e abracinhos muito apertadinhos e longos, com muitos abanicos coloridos e desejo-te uma super semaninha com muito carinho, paz e alegria no teu coração docinho.
Gosto mesmo bué de ti, é assim... é a vida... o que é que se há-de fazer??? És lindaaaaaaaaaaaaa! Impossível não gostar de ti! :)
Vem muito a propósito do que escreveste... e do que acabei de ler agora, Ionesco e o teatro do absurdo.
É "engraçado" ver as semelhanças entre este Orpheu e Ionesco, que, embora embora de realidades sociais completamente dispares nutriam (e ainda bem que li esta tua passagem) uma certa "ansiedade" metafórica pela própria existência.
Garçon! Traga-me outro poema por favor. Sem gelo! Obrigado.
(Esta é em tom de piada!!)
Continuemos...
Um abraço fraterno