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"Das flores aquáticas sai filtrada uma luz ténue.
As suas folhas não querem que nos apressemos:
São circulares e sem relevo, cheias de conselhos obscuros.
Mundos frios agitam-se com os remos.
O espírito da escuridão está em nós, está nos peixes.
Um ramo submerso ergue uma mão pálida em despedida;
As estrelas abrem-se entre lírios.
Não ficas cego com a mudez de tais sereias?
Esse é o silêncio das almas já perturbadas.
Sylvia Plath, Pela Água
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Ainda a palavra silêncio no vocabulário escolhido...
Ainda sem cantar e sem som... deito palavras ao vento que me sopra de nortada e faz subir altas ondas e traz à areia a espuma branca em abundância.
Há dias ouvia o mar falar bem alto, quase a gritar.
A voz era grave. Tão grave.
Parei de pensar, de sentir, de respirar. Evitei qualquer ruído, por menor que fosse, que saísse de mim para poder ouvir com mais atenção o que o mar vinha dizer à minha janela. E, apesar de a janela estar fechada, ouvi a voz do mar que me entrava por outra janela, desta feita, bem aberta desde um outro tempo sem tempo contado.
E aquela rebentação tão barulhenta entrou pela janela aberta do meu coração.
Era uma língua estranha. Mas parecia que o mar estava zangado.
Depois já parecia que não estava. E aquela sonoridade grave era só o mar com a sua plenitude de agitação planetária. Era só o mar a mostrar a sua energia e a sua força, em explosão após explosão efusiva, a cada onda que rebentava na areia e a levantava e a misturava com toda força do Universo a mexer com a colher de pau.
Imaginei a delícia que o Universo ia ter depois de levar este mar ao forno, em lume brando... Quando viesse a calma e o Sol por cima a polvilhar de dourado o verde.
Comentários
um à parte- já vista a minha pulseirita de búzios?
bj e noite feliz :)
que bela foto.
o seu blogue é um mimo!
beij