Respira
Nunca tinha visto uma pedra respirar.
Quando olhei para ela, foi imediato: vi que respirava.
Vi as grades costais a dilatar e os pulmões a encher.
Fiquei presa ao chão. Respirei com ela, tenho ideia.
A primeira vez que vi uma pedra respirar, não era uma pedra, era uma rocha imponente, majestosa, bela e evidente. Mas, ao mesmo tempo, humilde e crua, ao mostrar-se despida.
Recebia nos pulmões o ar puro da serra e as nortadas vindas do mar, frias, a limar arestas.
Nunca tinha respirado com uma pedra, foi a primeira vez.
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